sábado, 20 de fevereiro de 2010

Inteligência: pra que serve?

Pensando sobre este assunto de quem é inteligente e quem não é, comecei a tentar entender o que seria essa tal de inteligência.
Há pessoas famosas por serem inteligentes, brilhantes, como Einstein, Freud e outros “pensadores” do passado e do presente, do mesmo jeito em que há os ditos burros, ou de “cabeça fraca”, sendo um tanto eufêmico. O que me questiono, porém, é a utilidade e funcionalidade da inteligência, sua linearidade, sua aplicabilidade e o benefício que esta traz para quem a possui e para os que sofrem sua influência.
Estudiosos afirmam a existência das múltiplas inteligências. Não se “mede” mais a inteligência de um sujeito através de testes de Quociente de Inteligência (Q.I.), pois este se reduz apenas às inteligências lógico-matemática e visual-espacial, desprezando outras tipologias atualmente identificadas (lingüística, musical, corpóreo-sinestésica, interpessoal e intrapessoal). Muitas vezes um gênio da música mal sabe usar as quatro operações da matemática ou mesmo escrever uma dedicatória para um fã.
Mas não é nesta perspectiva científica que quero me focar. Talvez certa velocidade de raciocínio, uma atenção maior às coisas que acontecem à sua volta e a busca por informações de qualidade podem dar alguns quilinhos de inteligência a mais a uma pessoa. E aí me surge mais uma ramificação: inteligência é informação? Ser bem informado é ser inteligente? Eu nasço inteligente ou posso me tornar depois? Como processamos o mar de informações que recebemos diariamente? Há uma seleção?
Acho que eu não sou lá tão inteligente pra desatar tantos nós, mas pensar sobre eles talvez ajude. Provavelmente eu e quem me lê não chegará a conclusão alguma, porém se daí surgir uma reflexão já será animador.
Será que o mais burro dos burros, do tipo de duas patas, é inteligente o bastante para saber que é burro? Mas que diabos também seria a burrice?
A moderninha fonte Wikipedia diz que inteligência é “a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair idéias, compreender idéias e linguagens e aprender”. Então ta. A burrice então seria a incapacidade de realizar estas coisas todas ou fazê-lo de forma precária, digamos. Partindo desta premissa, fatalmente acreditariamos que os inteligentes têm um green card para acessar uma vida de grandes realizações, sobretudo profissionais, mas o que vemos claramente é um grande número de pessoas muitissimo bem preparadas que não despontam, que não dão vazão a todo seu potencial, ou ao potencial que as outras pessoas vêem nela.
A sensação que tenho é que quanto mais esclarecido sobre o mundo e sobre si próprio, um sujeito, em vez de usar essas percepções aguçadas numa atitude dominante, coloca-se como refém de uma estrutura que o faz parecer remar contra a maré da alienação generalizada vigente. Quanto mais reflito sobre mim, o outro e o mundo, mais pareço incapaz de sobreviver nessa guerra diária das relações humanas e do vazio em que estas mentes parecem habitar.
Obviamente não podemos rotular tudo como insosso, vazio de sentido e superficial, mas notadamente a grande massa coloca-se ou é colocada nesse patamar e, sim, é muito feliz assim enquanto os outros, que pensam além da cervejinha do próximo final de semana, parecem se jogar no calabouço para onde vão os seres que não se encantam por qualquer coisinha.
Quantos de nós ficamos decepcionados ao vermos que nossos superiores hierárquicos parecem ter caído de paraquedas naquele cargo? Quantos de nós vemos que o êxito vem, e só vem, para os que possuem características físicas diferenciadas, e não psicológicas? Pode parecer papo de um super ressentido, mas sinceramente penso que não. Acredito que todos precisam de oportunidades, mas há uma inversão de valores na sociedade contemporânea que desaponta aqueles que produzem conhecimento, ciência, que têm algo a contribuir para a melhoria de um conjunto, pois este não é o item mais valorizado no balaio de humanidades do mercadinho da esquina.